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Solano Trindade – O Poeta do Povo

Em 24 de julho de 1908, no consagrado bairro de Bom Jesus – Recife (PE), nasceu Francisco Solano Trindade, o filho de dona Emerenciana e de Seu Manoel Abílio. Solano seria só mais um brasileiro, se não fosse seu destaque para o teatro, o folclore, as artes plásticas e, sobretudo, a poesia.

Para todos seus trabalhos, uma característica estava impressa: sua preocupação com as questões sociais e raciais que acometia a população brasileira. Não por acaso, Solano é conhecido como o “Poeta do Povo”.

Suas palavras, suas rimas transgrediam a beleza da literatura. Elas iam fundo e exaltavam as feridas da sociedade – o que incomodava muita gente. A fome, o preconceito, as desigualdades eram uns dos temas abordados por Trindade.

O poeta contribuiu em demasia para a formação cultural negra do país. Fazendo uma breve recordação, pode-se citar: em 1932, criou a Frente Negra Pernambucana; em 1934, idealizou o I Congresso Afro-Brasileiro, no Rio de Janeiro; fundou, em 1950, o Teatro Popular do Negro (TPB) e, em 1955, criou o grupo de dança brasileira “Brasiliana”. Como ator, um dos trabalhos que interpretou foi “Orfeu”, de Vinícius de Moraes. Na literatura, Solano publicou “Poemas de uma Vida Simples” (1944), “Seis Tempos de Poesia”(1958) e “Cantares ao Meu Povo” (1961). Solano ainda levou a cultura para a cidade paulistana de Embu das Artes.

Depois de uma série de apresentações artísticas em Embu das Artes, com seu Grupo TPB, Solano se apaixona pela cidade paulista e muda-se para lá com a sua família. Mais do que isso, o poeta revoluciona a cidade e a transforma em núcleo artístico. Também conhecido como “Patriarca de Embu”, foi Solano o responsável pelo maior fluxo de turistas na cidade.

Mesmo sendo um poeta enraizado nas terras brasileiras, pouco ou nada se conhece sobre Solano Trindade. Nos livros didáticos, os capítulos dedicados à literatura brasileira se esquecem de dedicar uma parte do estudo às palavras desse homem que tanto se curvou às necessidades sociais brasileiras. Um equívoco, um esquecimento, o preconceito. Não se sabe, ao certo, como encaixar essa falta na pesquisa didática, mas se a tão falada lei 10.639/03 está sendo exercida, de fato, um  grande passo é inserir Solano Trindade nos livros didáticos de literatura brasileira.

Por Baoobaa

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