Quinteto em Branco e Preto 15 anos
Matéria produzida por Luiz Paulo Lima, para o site Kultafro.
O samba é pop, feito Hip Hop, tem a força e atitude do Rock. É assim que em Branco e Preto, Magnu Sousá, Maurilio de Oliveira, Everson, Yvison e Vitor Pessoa, vem construindo no imaginário e gosto popular, graduais e criativas pontes musicais , unindo São Mateus com Santo Amaro ou decolando para Montreux aterrizando na África do Sul.
Lá se vão 15 anos, parece pouco, para quem está debutando neste competitivo mundo da música de qualidade. Mas esses garotos têm muitas e boas histórias para contar.
Magnu, me fez lembrar momentos hilários de alguns ritos de passagens da história do grupo. Contou que em uma noite de 1997, seu irmão Maurílio saiu mantendo o ritual de todos os domingos, ir para a casa de samba o “Bôca da Noite”, encontrar amigos, os irmãos “Pessoa”, dizendo da possibilidade de um encontro com a cantora Beth Carvalho que veio a se consagrar mais tarde como madrinha do samba.
Magnu decidiu não acompanhar o embalo porque tinha que trabalhar no dia seguinte. Maurilio passa um BIP às 04hs da manhã para o irmão dizendo: a Beth está aqui, está incrível, vem pra cá. Magnu olhou para o relógio, pensou como poderia chegar lá. Concluiu rapidamente: Não tem ônibus, não vou!!
Voltou a dormir, e acordou ás 6hs. com outro biP: “a Beth ainda está aqui”. Como um garoto responsável, levantou , escovou os dentes, tomou café e se mandou para o trabalho. No caminho aquela mais recente mensagem ainda pulsava no peito e na mente, criando um desconforto. Vou trabalhar ou vou ao encontro de Beth, eis a questão ?
O coração falou mais alto, desceu na Av.Nove de Julho, subiu a ladeira da rua Rui Barbosa, e caiu na festa às 08hs da matina, onde ficou trocando idéias cantando sambas, encerrando a boêmia às 11horas da luz do dia.
Magno perdeu o emprego e o Grupo ganhou a partir daí uma nova e digna missão: “Não deixar o samba morrer, não deixa o samba acabar”…
O primeiro show a gente nunca esquece: “Foi no Memorial da América Latina, todos de branco em homenagem aos 20 anos da morte de Candeia, clássico compositor e sambista carioca”.
Hoje já gravaram quatro CDs e o mais recente intitulado “Quinteto”, uma produção independente, distribuída pela Radar Records, que já vendeu em cinco meses mais de nove mil exemplares.
O grupo tem constituído no seu DNA, além de se firmar como excelentes músicos, compositores e interpretes trabalharem em defesa do samba como gênero e ao mesmo tempo como cultura viva e contemporânea.
Como escreveu Magno e Maurílio , “Quem tem o samba na veia é mais, muito mais….”, e foi assim que chegaram ao “Samba da vela”, “Berço do Samba de São Mateus”, produziram Jair Rodrigues, Graça Braga, Da. Inah, Nanana da Mangueira, e várias participações em discos e shows do Wilson das Neves, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Maria Rita e outros renomados nomes da musica popular do Brasil.
Quase que passou desapercebido pelo grande público brasileiro as participações e destaques do Quinteto em Branco e Preto no Festival de Montreux em 2012, não fosse o sucesso e reconhecimento do público e crítica que lá estiveram. Foram dois shows com participações especiais entre as quais o cantor Emicida no palco Mundo, e complementando as atividades com uma oficina aberta naquela cidade suíça.
Dando boas vindas ao ano de 2013, apresentaram e continuam em circuito com o show “Samba 70”. Um espetáculo muito bem cuidado esteticamente e principalmente na escolha do repertório musical, onde homenageiam grandes compositores e interpretes que fizeram história nesse período. Entre eles podemos destacar, Ederaldo Gentil, Chico Buarque de Holanda, Benito de Paula, Agepê, Gilson de Souza, Luiz Airão, Originais do Samba, Nei Lopes, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Wilson Simonal entre outros.
Complementando as performances desses artistas em tempo de Carnaval, estiveram na semana passada, na cidade de Quito no Equador, a convite da Embaixada brasileira , para apresentação de um show para convidados e uma oficina para jovens que desenvolvem a capoeira como referência da cultura brasileira.
E “se que quiserem saber o final, preste atenção no começo”, um provérbio africano que cabe no contexto deste texto. Se quiserem encontrar com o Quinteto no sábado(09\02) da festa do Momo, é só comparecer no Sambódromo da cidade da garoa , estarão lá participando da ala e homenageando a sempre nova Velha Guarda da Nenê da Vila mais querida , onde esta atitude confirma os seus propósitos , como bem disse o eterno amigo e Presidente Paquera do Samba da Vela, enquanto houver um sambista na trincheira na musica popular brasileira, ”a chama do samba nunca vai se apagar”. Jamais!!!
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